Gordura trans: O inimigo invisível no seu prato
Você já ouviu falar em gordura trans? Esse tipo de gordura está presente em muitos alimentos industrializados, como biscoitos recheados, salgadinhos, sorvetes, bolos prontos, margarinas e comidas de fast food. Foram descobertas no início do século 20, quando o processo de hidrogenação de óleos vegetais foi desenvolvido para criar produtos mais duráveis, como margarina. Inicialmente, eram vistas como uma alternativa saudável às gorduras animais. No entanto, a partir dos anos 1990, estudos científicos começaram a mostrar os perigos das gorduras trans, como o aumento do colesterol ruim (LDL) e o aumento do risco de doenças cardiovasculares. Isso levou organizações de saúde a alertar sobre seus malefícios.
Nos anos 2000, vários países começaram a exigir que os fabricantes informassem a quantidade de gordura trans nos rótulos dos alimentos, o que fez a indústria buscar alternativas mais saudáveis. Em 2010, a OMS recomendou a eliminação das gorduras trans da alimentação, e muitos países, incluindo o Brasil, passaram a adotar regulamentações para restringir seu uso. Apesar dos avanços, o consumo de alimentos ultraprocessados ainda representa um desafio para a saúde pública.

Elas existem de duas formas: naturais e artificiais.
Gorduras trans naturais: Estão presentes em pequenas quantidades em alimentos de origem animal, como carne e leite. Elas são produzidas no estômago de alguns animais, como vacas e ovelhas. Em doses moderadas, essas gorduras naturais têm um impacto menos significativo na saúde.
Gorduras trans artificiais: Estas são criadas em fábricas, por meio de um processo chamado hidrogenação. Nesse processo, os óleos vegetais líquidos recebem hidrogênio para ficarem mais sólidos. Por exemplo, é assim que se faz a margarina ou o creme vegetal. As gorduras trans artificiais estão mais associadas a desequilíbrios metabólicos e são prejudiciais à saúde.
O nome “gordura trans” vem da transformação da estrutura química dessas gorduras. As moléculas de gordura têm partes chamadas ligações duplas. Nas gorduras normais (chamadas cis), essas ligações deixam as moléculas com um formato curvado. Já nas gorduras trans, as ligações estão “do lado oposto”, o que faz com que as moléculas fiquem retas. Essa diferença na estrutura é o que dá às gorduras trans suas características únicas, como a capacidade de permanecer sólida à temperatura ambiente.
As gorduras trans são populares na indústria alimentícia por várias razões:
- Duram mais: Alimentos feitos com gorduras trans demoram mais para estragar.
- Baratas: Produzir essas gorduras custa menos do que usar manteiga ou óleos naturais.
- Melhoram a textura: Elas deixam os alimentos mais crocantes ou cremosos.
- Podem ser reutilizadas: Em restaurantes e lanchonetes, óleos com gorduras trans podem ser usados várias vezes para fritar alimentos.
Por essas razões, elas foram amplamente usadas em produtos como batatas fritas, bolachas recheadas, pipoca de micro-ondas e massas congeladas.
Apesar de serem práticas para a indústria alimentícia, as gorduras trans artificiais são muito prejudiciais à saúde. Nosso corpo não precisa delas e elas podem causar vários problemas:
- Colesterol ruim: As gorduras trans aumentam o colesterol ruim (LDL) e diminuem o colesterol bom (HDL). Isso pode levar ao acúmulo de gordura nas artérias, aumentando o risco de doenças do coração e derrames.
- Inflamações no corpo: Elas causam inflamações nas células do corpo, o que pode piorar doenças crônicas.
- Diabetes tipo 2: Consumir muitos alimentos com gordura trans pode aumentar o risco de diabetes.
- Obesidade: Alimentos ricos em gordura trans geralmente têm muitas calorias e pouca nutrição, contribuindo para ganho de peso.
As gorduras trans artificiais causam vários danos à saúde: promovem inflamação crônica, resistência à insulina, disfunção das células, aumentam o colesterol ruim (LDL) e reduzem o bom (HDL), além de afetarem o intestino e o cérebro. Estão associadas a doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, obesidade, problemas cognitivos, disbiose intestinal e aumento do risco de alguns tipos de câncer.

Para saber se um alimento contém gorduras trans, é importante ler os rótulos das embalagens. Procure por termos como:
“Óleos parcialmente hidrogenados”
“Gordura vegetal hidrogenada”
Mesmo que a embalagem diga “0g de gordura trans”, isso pode não ser totalmente verdade. Se o alimento tiver menos de 0,5g por porção, ele pode ser rotulado como “sem gordura trans”. Por isso, é importante verificar os ingredientes.
Devido aos riscos à saúde, muitos países começaram a proibir ou limitar o uso de gorduras trans artificiais:
- Nos Estados Unidos, a FDA (Agência de Alimentos e Medicamentos) proibiu a adição de óleos parcialmente hidrogenados em alimentos desde 2018.
- Países como Dinamarca e Canadá também baniram essas gorduras.
- A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu uma meta global para eliminar as gorduras trans industriais até 2025.
- No Brasil, a ANVISA também adotou medidas para limitar o uso dessas gorduras.
Essas medidas têm ajudado a reduzir os problemas causados por essas gorduras em várias partes do mundo.
Aqui estão algumas dicas práticas para evitar consumir essas gorduras:
- Prefira alimentos frescos ou caseiros ao invés de industrializados.
- Leia sempre os rótulos dos produtos antes de comprar.
- Substitua margarinas por manteiga ou azeite.
- Evite frituras frequentes; prefira assados ou grelhados.
- Escolha gorduras saudáveis, como as encontradas em abacate, castanhas e azeite de oliva.
A abordagem funcional integrativa propõe a eliminação completa das gorduras trans artificiais, combinada a estratégias personalizadas. Isso inclui dietas ricas em antioxidantes, ômega-3 e fibras, que combatem a inflamação e restauram o equilíbrio metabólico. Além disso, incorpora práticas como desintoxicação hepática, suporte ao microbioma intestinal e manejo do estresse, reconhecendo o impacto das gorduras trans não apenas no corpo, mas também na saúde mental e emocional.